sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O Dia da Noite

Abriu os olhos e ergueu-os para o alto, quase que esquecendo, por um segundo, do calor vivo ao seu lado.
O céu tinha, sem dúvida, um poder enorme sobre seus olhos, sua mente, seu corpo. Deixou-se perder nos incontáveis pontinhos faiscantes do breu, como quem se entrega a um amante.
Se quer preocupou-se com o tempo. Na verdade, nem lembrou-se dele. Permitiu, que pelo menos por uma noite, o infinito a guiasse por onde quisesse.
Ao seu lado, o único motivo que a matinha sem medo de ser engolida pela Via Láctea; segurava sua mão e não deixava que se agarrasse nas caudas da estrelas cadentes.
No silêncio sem Lua, sentia-se o pulsar vermelho das mãos entrelaçadas, e o palpitar dos dois corações beiravam o Olodum.
Mas a Noite não dura pra sempre, e o Sol acordou guloso, devorando as estrelas, ofuscando os olhos dos viajantes.
E então, a Noite deitou-se e dormiu.

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