sexta-feira, 21 de maio de 2010

Santeria

Ah! Pintou as unhas!
Ela sorriu brevemente, recompensando o observar dos olhos de joia. Sorria sem querer, só de olhar pra'quela cor. Era um verde terra que lembrava cachoeira, mato, verão. Como amava aqueles olhos!
Pensava ser algo completamente desumano não se encantar com ele. Imaginava como seria se ela mesma não fosse dele, e se ele talvez não fosse dela. Morria de ciúme de uma possível outra, só de pensar. Morria de tudo, só de pensar. Só de pensar.
Encheu a boca de amor, sorriu, de novo, com gosto de morango. Beijou a boca de lua.
É, pintei.

Luar (Divórcio de Espanhol)

Riu do passado e cuspiu com gosto, sem ressentimento ou arrependimento, no refém que mantinha na mente. Au revoir, raio de sol! Depois chamou a noite pra ficar.
Ah! A noite. Noite com lua. Preferiu mil, milhões, bilhões... todas as vezes a lua.
Sentiu as cicatrizes queimarem, e deixou o frio sarar.
Ah! A lua. Tudo que viesse da lua.

Pra Acordar e Sorrir

Depois de sonhar, olhava pro céu. Era a previsão de tempo, só que da mente.
Com sol ela sorria, levantava devagar, bocejava com o jasmim.
Sol e frio eram ainda melhores. Chegava a cantar por dentro, agradecendo o céu doce (sempre imaginou com gosto de anis).
Com chuva, era cinza. Se afundava nos sonhos e pedia pra voltar só depois da luz. O sorriso nascia depois da água morrer.
Quase gostava dos dias nublados. Quase sorria, quase cantava.
Melhor era se o sol pintasse as nuvens de fogo, pra encharcar o céu de cor. E lá no fundo, enscondida atrás do esplendor, a lua sorria. Ah, aí era quando mais gostava. Sol e Lua no mesmo céu, dividindo sabor anis, disputando atenção e olhares.
A Lua ganhava o dela, e de brinde, seu coração.
Com certeza, os melhores dias. Sorria por fora, mais ainda por dentro. Cantava alto e recebia aplausos, segunda voz de sabiá.
Eram os dias da noite.