quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Canela e Sangue

Do pecado triplo surge o medo. O temor. O sentimento que a enlaçou nele.
Era fácil sentir o pulsar rápido do sangue nas veias. E ela percebia as pernas cederem ao tentar imaginar o tremor das mãos dele.
Não era pra acotecer. Peter jamais a perdoaria. Seria banida de seus próprios sonhos. Não poderia mais olhar pras estrelas esperando que viesse buscá-la. Ele não viria.
Não derramou se quer uma lágrima. Se derramasse, seriam sugadas pelo alívio repentino do tempo.
O cheiro picante enchia o corpo dela de esperanças, mas ele rosnava de raiva por dentro. Seus olhos não conseguiam cruzar os dela, e mesmo assim sentiam-se seguros juntos.
O gosto picante salvou parte de seus sonhos quando o sol levantou. Nunca gostara tanto de vermelho, como naquele dia.
Horas tornaram-se segundos, e ela podia explodir de alegria, se fosse possível. Pan não viria mais, mas ela ainda poderia ver o sorriso sincero e desajustado de seu outro menino. E foi o dia em que ela viu mais sentimento em um sorriso. Desejou que tudo pudesse dar errado do jeito certo, pra poder tê-lo um pouco mais.
E o fim só marcou outro começo. Início de canela, final de sangue. E muitos sorrisos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Eles

Sempre sorria torto. Era engraçado, porque era inevitável não sorrir junto, nem que por dentro. Às vezes fazia um biquinho com os lábios, torcendo-os um pouquinho, e isso já era suficiente pra que sua boca formigasse de vontade de beijá-lo. O cabelo, sem jeito, bagunçado, surtia efeito malandro. Os olhos pequenininhos como ímãs, não deixam que se olhe pra outra coisa por muito tempo. E tem a barba recém crescida, que arranha de leve, faz cósegas e levanta os pelinhos do braço. A risada sincera, o jeitinho de olhar de canto quanto está deitado, a mania de segurar a mão e acariciar, as mordidas doídas.
E parece que o Sol deu à benção, que o frio assopra a vontade de se verem, o calor a de se tocarem; que os dias os convidam pra ficar, que as noites os levam pro caminho da malícia. Um lado diz pra se apaixonarem, o outro pra se devorarem. O interessante é que tudo... quer dar algum rumo pra eles.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Ana Coreta

Sobriamente geminiana, entorpecidamente canceriana (ou cancerígena, quem sabe). Nascida em manhã de inverno, em cidade grande, tão pequena. Talvez por isso tenha se tornado admiradora do frio e amante da nação tricolor paulista.
Teimosamente fã, tipicamente desajuizada, desajuizadamente apegada.
Cada um conhece uma diferente, e é difícil que todas estejam juntas.
Não é razão, é pura emoção.