quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Obesession

Fechou os olhos e deixou o coração acompanhar o pulsar das seis cordas. Com os indicadores fez a percussão perfeita, surrando o ar, fazendo-o gritar, selvagem, de emoção. Sua mente não quis mais ordem, e girou no ar os neurônios cansados, centrifugando as idéias, chacoalhando a doce inocência. Nos lábios a vontade do beijo, na garganta a súplica contínua por mais voz.
E o mundo inteiro pareceu gritar em seus ouvidos, o zumbido arrepiou seu corpo. Deixou que a tocassem, e voou mais uma vez, sem nunca terem lhe ensinado como se fazer.
Rugiu com o prazer, e o vício já corria pelas veias, marcando o passo no peito, escrevendo as notas com o olhar.
Ela fala sobre drogas, e usa o rock 'n roll.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Balé do Sol

Saiu, descalça, sentindo entre os dedos o chão gelado. Olhou pra cima e sorriu ao ver sua paleta de cores preferida. Azul, branco, amarelo, rosa, laranja. E os pássaros riscavam o céu como lápis esboçando na tela.
Respirou fundo. Cheirinho de chuva misturado ao da manhã. Era sua hora preferida do dia, a mais fria, a mais viva.
Desejava ter bons ouvidos pra contar quantas pessoas ainda dormiam em suas camas.
Sorriu mais uma vez, e o Sol viu. Tocou seu rosto gelado, convidando-a para dançar. E ao som do nascente, ela dançou com as cores do céu.

Labirinto

E de repente quis voltar. Num susto quis crescer.
Beijou as sardas, sorriu, foi beijada, e brilhou com as fadas uma última vez. Quis chorar, mas quis mais ainda se arrepender. Guardou o beijo no bolso, depois no fundo do peito. Não se arrependeu.
Então ele, seu primeiro amor, desenhou no céu o caminho pra casa. E ela seguiu as estrelas, sem olhar pra trás, sem pensar nas sereias, muito menos nos piratas.
Só chorou ao sentir o tempo por perto. E chorou de novo ao sentir algo maior do que o tempo, quando voou sem mágica. Quando o dedal se tornou calor de verdade, e o beijo deixou de ser dedal.
Nunca mais quis voltar, mas sabia de cor o nome das estrelas.

* Super sugiro ler isso escutando Unintended, do Muse. Emociona, haha.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Quistar

Apagou as luzes e sorriu para o céu. Deitou-se sobre as pedrinhas pontudas, assistindo a aranha flutuar entre as folhas de bambu, até o vento soprar e as teias doces refletirem o brilhar da noite.
Num pulsar, sua mente só queria os rabiscos do corpo, o sorriso de prata, os olhos cativos, ou os lábios frios. N'outro pulsar, queria todos juntos. E de repente sentiu o coração rápido, gritando pelo conjunto e chorando pela distância.
Seus olhos varreram o céu respingado de brilhantes, e a estrela os escolheu. Fisgou as íris castanhas, cantou para elas. Soprou a benção e beijou os lábios quentes, roubando-lhes o calor.
E a estrela selou o pacto, brilhando mais forte. Teria dois pares de olhos pra fisgar, e dois pares de lábios pra juntar.